Capa do Best seller. |
O Conceito Zero, lançado em 2006, é o primeiro romance de um brasileiro aposentado da Receita Federal, Adhemar João de Barros, e traz uma trama digna de um grande filme de ação, com várias reviravoltas e narrativas sem tomar fôlego entre os parágrafos.
O tema: internacionalização da Amazônia legal brasileira, através de uma conspiração de homens poderosos e influentes, tanto externos quanto internos ao país. Tudo bem que certas situações são um tanto mirabolantes, como a existência de uma seita de monges templários em meio à floresta amazônica, porém a idéia geral é boa. Com dados reais sobre a situação da região Norte, Barros consegue empolgar o leitor por uma indagação simples e forte: será que estamos perdendo a Amazônia aos poucos por descaso dos órgãos brasileiros, através de invasões de milhares de organizações não-governamentais que pedem acesso à Amazônia com justificativas de dar assistência às comunidades locais e realizar pesquisas de âmbito ambiental?
Esta pergunta não é original — muitas pessoas já se questionaram a mesma coisa, com maior ou menor atenção à mensagem implícita nessas palavras. A. J. Barros, porém, decidiu arregaçar as mangas e escrever esta obra, através de muita pesquisa e com anos de experiência junto à Receita Federal, além de uma boa dose de paixão pelos recantos do Norte do Brasil. Acho que o esforço valeu muito a pena.
Estranho é que uma estória tão bem escrita, recheada de suspense, espionagem — a ABIN (Agência Brasileira de Informações), a CIA e o FBI estado-unidenses aparecem envolvidos no enredo — e até mesmo um pouco de romance, para criar uma certa relação mais íntima com alguns personagens, não tenha sido cogitada para ser cinematografada pelo novo cinema brasileiro, tão escasso de filmes do gênero. Em minha opinião, daria um grande faturamento em bilheterias de todo o país. Talvez seja o fato do nome de A. J. Barros ainda não ser muito conhecido, pois não foi muito fácil encontrar este livro à venda, o que poderia ser uma falha da editora na promoção da obra.
Um último detalhe, não menos interessante: as páginas são repletas de dados históricos e atuais a respeito de importantes pontos da região amazônica, como construções de fortes perdidos na floresta, fundações de cidades, estatísticas sociais, culturas locais — enfim, uma miscelânea para apreciadores deste tipo de literatura. Realmente é difícil parar de ler.
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