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domingo, 3 de julho de 2011

Síndrome dos Edifícios Doentes


Em 1982, a Organização Mundial de Saúde definiu a Síndrome do Edifício Doente (SED) como o conjunto dos seguintes sintomas: dor de cabeça, fadiga, letargia (apatia), prurido (coceira), ardor nos olhos, irritação no nariz e na garganta, anormalidade na pele e falta de concentração em trabalhadores de escritórios. A síndrome está intimamente ligada aos modernos sistemas de climatização e iluminação dos grandes edifícios que, diferentemente dos prédios mais antigos, são projetados sem o vão central de ventilação natural, ganhando assim mais espaço interno.

Os edifícios totalmente fechados proporcionam um clima relativamente agradável a seus ocupantes, porém incapacitam o livre-arbítrio do indivíduo, que não pode adaptar o ambiente que está do jeito que gostaria. Hoje em dia existe uma gama infindável de novos materiais sintéticos para a construção civil, mobiliário e novos equipamentos de escritório, introduzindo uma significante porém desconhecida, fonte de contaminação interna. Acrescenta-se a essa contaminação a proveniente dos materiais de limpeza, fotocopiadoras, fumaça de cigarros e efluentes do corpo.

Esses edifícios demandam muita energia para sustentar seu sistema de ventilação mecânica e iluminação artificial. Tentando minimizar os custos, levam a um aumento na utilização de ar reciclado e diminuição na freqüência de trocas de filtros dos dutos de ventilação. Assim cria-se ambiente favorável a proliferação de microorganismos patogênicos que passam a se desenvolver em quantidade no sistema de refrigeração e umidificação.

Fanger tem uma opinião formada a respeito dessa questão, ele afirma que o ser humano é o último juiz da qualidade do ar. Pela razão de existir milhares de substâncias químicas no ambiente e métodos de detecção inexistentes, ele diz que o olfato humano é o instrumento mais sensível de avaliação. Fanger criou uma unidade de medida, o “olf” (do latim olfactus) para mensurar a quantidade de poluição do ar. O “olf” é semelhante ao lúmen, unidade de energia de luz e ao decibel, unidade de medida do ruído.

A percepção ambiental de que a temperatura é inadequada e a insatisfação com a organização do trabalho são fatores determinantes à má qualidade de vida dos trabalhadores nas empresas.

A tentativa de se proteger da poluição externa muitas vezes leva o indivíduo a ter contato com situações adversas no interior dos edifícios. Isso porque a poluição que atinge a coletividade pode ser combatida com medidas generalizadas, ou seja, abrange toda a cidade e não um grupo isolado de indivíduos em um edifício.

Essa garantia de qualidade térmica é questionável sob a visão ecológica. Como já foi dito, os edifícios fechados demandam muita energia para nutrir seus sistemas. É notório que para obter novas fontes de energia, o ambiente acaba sempre pagando a conta, pois quando não são recursos naturais consumidos, são descartes inadequados de rejeitos altamente poluentes.

A impossibilidade de manutenção da temperatura e ventilação pelo próprio indivíduo é uma agressão à sua individualidade. Dependendo do dia, tipo de trabalho, vestuário e características pessoais, as condições ambientais ideais variam.

Em situações de temperatura extrema é justificável o uso de pequenas unidades de climatização ou um sistema de climatização central. Mas isso seria transitório e permitiria renovação do ar periodicamente.

No Brasil já existem muitos edifícios fechados, principalmente nos grandes centros comerciais. Os riscos à saúde são consideráveis, principalmente para aqueles que têm expediente integral nesses ambientes. O conteúdo desse estudo leva arquitetos, incorporadores, empresários, sindicatos e Poder Público a avaliar as implicações da construção de edifícios fechados no nosso cenário urbano.

Os serviços de higiene e segurança do trabalho de empresas localizadas em edifícios fechados deveriam implantar um sistema de vigilância epidemiológica específicos à Síndrome dos Edifícios Doentes para orientar a intervenção em áreas de exposição específicas.

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