Figura 1: O cemitério do Alecrim, construído há 158 anos em Natal-RN, foi projetado sem obedecer às normas ambientais.
Inúmeras atividades do homem introduzem direta ou indiretamente substâncias ou energia no ambiente, provocando um efeito negativo no seu equilíbrio. Isso reflete diretamente na saúde humana, nos seres vivos e no ecossistema ali presente. A este processo chamamos de poluição. As atividades desenvolvidas pela humanidade são muito variáveis, assim como as formas e níveis de poluição.
Estas mudanças de características do meio físico poderão refletir de formas diferentes sobre a biota local, podendo ser prejudicial a algumas espécies e benéfica a outras. De qualquer forma, considerando as interdependências das várias espécies, estas modificações levam sempre a desequilíbrios ecológicos.
Nesse contexto, podemos enquadrar os impactos ambientais causados pelos cemitérios tradicionais como um grande desafio para a gestão de resíduos. Muitos destes foram construídos em uma época em que as questões ambientais não eram, nem de longe, preocupações para a sociedade. O Cemitério do Baú, o maior de João Monlevade, foi inaugurado na década de 1960, e como regia a regra, não possui nenhum dispositivo mitigador dos impactos causados pelo necrochorume.
Diante dos estudos e trabalhos anteriores conclui-se que a poluição de lençóis freáticos por necrochorume é algo muito sério, uma vez que dificilmente o assunto recebe a devida atenção das autoridades. Talvez pelo fato de os cemitérios serem monumentos à memória daqueles que morreram e que os vivos fazem questão de perpetuar ao longo do tempo. Este tipo de construção adquiriu a condição de inviolabilidade no que tange à pesquisa científica nos seus diferentes aspectos. Muitas vezes, a pesquisa ligada a este tema é vista com olhares de reprovação. Força-nos a lembrar de um lugar para onde vão entes queridos, sonhos, lembranças e que deve ser tratado com cuidado.
No que se diz respeito à poluição do lençol freático pelo necrochorume, a melhor a alternativa a fim de se realizar uma melhor gestão das necrópoles, é seguir a Resolução n° 335/2003 do Conama, a qual dispõe que as sepulturas devem estar a uma distância de pelo menos um metro e meio acima do mais alto nível do lençol freático. Bem como buscar soluções através das autoridades municipais e órgãos de regulamentação para a diminuição e mitigação da contaminação, sendo necessário restringir o uso do solo, promover um sistema de drenagem adequado, controle sanitário nos sepultamentos, a preferência por crematórios como alternativa, entre outros, gerando um benefício para a Saúde Pública.
Os cemitérios tradicionais não foram elaborados dentro dos preceitos legais ambientais. Porém, os novos empreendimentos (públicos e privados) devem ser construídos respeitando a legislação ambiental vigente, para que impactos ambientais causados por efluentes cadavéricos sejam cada vez mais raros. O projeto sugere o tratamento adequado, porém cabe às autoridades competentes firmar o compromisso de concretizar as sugestões supracitadas.
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